Considero-me,
no máximo, um aficionado sazonal por futebol, dedicando a ele minha atenção
integral somente a cada quatro anos. Nas copas, assisto a todos os jogos,
analiso todos os resultados e acompanho todos os debates sobre as partidas.
O
que me inspira esta manifestação é a dissolução da mística de invencibilidade
que envolve as grandes potências futebolísticas. E, pelo menos nesse quesito, a
Copa do Brasil está sendo triunfal. É uma copa de gigantes cambaleantes.
Não
que tropecem eles em suas próprias pernas, combalidas por suas eventuais
fraquezas. Cambaleiam, isto sim, pela surpreendente força dos pequenos.
Se
dos duelos entre os gigantes poderiam ser esperados resultados incertos, o
mesmo não se poderia dizer de seus confrontos com os times de menos notoriedade.
A certeza da vitória parecia ser apenas uma questão de tempo. De 90 minutos,
mais precisamente.
Pois
é: parecia.
O inesperado
sacode levado pela campeã Espanha só não arregalou mais os olhos porque fora
abatida pela sempre forte (embora nunca campeã) Holanda. Mas o seu sepultamento
veio com a derrota de 2x0 para o Chile, que fez os súditos do novo rei já
deixarem prontas as mochilas para voltar pra casa.
Maior
impacto talvez tenha tido o chocolate alemão servido aos portugueses,
detentores do que para eles era a joia da coroa: o melhor jogador do mundo na
atualidade – Cristiano Ronaldo, o R7.
Novamente, porém, era um duelo de
gigantes. Entre gigantes.
Mas
eis que, correndo por fora – por fora mesmo –, no batizado Grupo da Morte, a
Costa Rica aplica uma surra na seleção duas vezes campeã mundial: Uruguai. O
passeio de 3 x 1 sobre o adversário teria sido certamente comparado à sorte de
principiante (embora não seja sua primeira copa) não fosse uma segunda vitória,
contra mais uma campeã (aliás, tetra-campeã) mundial: a Itália. Vitória por
1x0. Magra? Sim, se se tratasse de uma favorita do torneio. Não, quando se leva
em consideração a assimetria de tradição e condições de investimento no esporte
que marca os dois países.
E a
força dos pequenos continuou sendo a tônica deste primeiro momento da Copa.
Portadora do maior gênio contemporâneo do futebol, a Argentina amargaria um
constrangedor empate em 0x0 com o Irã (sim, o país dos aiatolás) não fosse a
resistência, confiança, coragem e ousadia de seu trunfo máximo, Messi, que só
desvirginou o placar na prorrogação da partida.
No
mesmo dia, a potência alemã, sempre temida pela força, técnica e objetividade,
se viu desnorteada ante o atrevimento africano de um país cujo nome corresponde
ao adjetivo: Gana. Embora não tenha saído vencedora da partida, a seleção de
Asamoah Gyan & cia segurou um empate (depois de estar à frente do placar)
que é, proporcionalmente, uma vitória acachapante.
Portanto,
que fique o Brasil com as barbas de molho. O 0x0 com o México é um sinal de
alerta que se acende para todos os favoritos. Ainda que a equipe mexicana
esteja longe de ser um adversário desprezível, sua resistência contra a seleção
canarinho deixa claro que, pelo menos nessa copa, as camisas estão pesando
menos que a força de vontade.
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