O brasileiro passou a visitar com
mais frequência o exterior e, naturalmente, volta de lá querendo para si as mesmas
benesses da qualidade de vida dos países dito desenvolvidos. Esquece, porém,
que para usufruir deste alto padrão de vida, europeus, norte-americanos (mais
especificamente estadunidenses e canadenses) e japoneses lançam mão de uma
série de obrigações e responsabilidades com as quais não estamos acostumados
pelos lados de cá – ou, pior: que não queremos assumir.
Desejamos o mesmo patamar de
saúde, educação, transporte, segurança, moradia, lazer encontrados nos países
ricos. Mas paramos por aí. Não estamos dispostos a agir com o mesmo senso de
coletividade que sustenta e viabiliza tais condições. Ou seja: só queremos o
bônus, não o ônus.
A lógica perversa que nos
caracteriza é mais ou menos essa: “os governos que se danem e façam de tudo
para que eu viva tão bem quanto um dinamarquês. A responsabilidade é do
governo, e não minha”. Pronto. Eis parte da receita de nosso insucesso.
Em vez de viajar para o exterior
apenas para postar fotos no Facebook posando em frente à Torre Eiffel, bebendo
uma legítima cerveja alemã ou apertando o focinho no Pateta lá na Disney, seria
muito útil, também, observarmos o compromisso que as sociedades que visitamos (e
que invejamos) assumem com suas nações.
De certo que há muita distorção
social por lá também. Gente safada e que só pensa em si mesma existe em
qualquer ponto da superfície terrestre. Mas aqui a sua presença é mais
frequente. Na verdade, um lamentável traço cultural nosso.
Quer ter acesso a tudo de bom que
existe lá fora? Nenhum problema. Mas faça por merecê-lo aqui dentro.
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