terça-feira, novembro 26, 2013

O focinho do Pateta

O brasileiro passou a visitar com mais frequência o exterior e, naturalmente, volta de lá querendo para si as mesmas benesses da qualidade de vida dos países dito desenvolvidos. Esquece, porém, que para usufruir deste alto padrão de vida, europeus, norte-americanos (mais especificamente estadunidenses e canadenses) e japoneses lançam mão de uma série de obrigações e responsabilidades com as quais não estamos acostumados pelos lados de cá – ou, pior: que não queremos assumir.

Desejamos o mesmo patamar de saúde, educação, transporte, segurança, moradia, lazer encontrados nos países ricos. Mas paramos por aí. Não estamos dispostos a agir com o mesmo senso de coletividade que sustenta e viabiliza tais condições. Ou seja: só queremos o bônus, não o ônus.

A lógica perversa que nos caracteriza é mais ou menos essa: “os governos que se danem e façam de tudo para que eu viva tão bem quanto um dinamarquês. A responsabilidade é do governo, e não minha”. Pronto. Eis parte da receita de nosso insucesso.

Em vez de viajar para o exterior apenas para postar fotos no Facebook posando em frente à Torre Eiffel, bebendo uma legítima cerveja alemã ou apertando o focinho no Pateta lá na Disney, seria muito útil, também, observarmos o compromisso que as sociedades que visitamos (e que invejamos) assumem com suas nações.

De certo que há muita distorção social por lá também. Gente safada e que só pensa em si mesma existe em qualquer ponto da superfície terrestre. Mas aqui a sua presença é mais frequente. Na verdade, um lamentável traço cultural nosso.


Quer ter acesso a tudo de bom que existe lá fora? Nenhum problema. Mas faça por merecê-lo aqui dentro.

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