Sim,
vá participar do movimento pelo impeachment neste ‘histórico’ 15 de março. Isso
mesmo, você, que me está lendo e que vai (ou apoia) ao(o) referido ato, estou
falando com você e te incentivando a ir.
Sim,
vá às ruas e grite pela cassação de um mandato conquistado de forma legítima e ao
qual o impeachment não se aplica. Mas saiba que, sim, você está ajudando a inviabilizar
a construção de uma democracia sólida pela qual tanto se lutou no Brasil;
Sim,
vá às ruas e esbraveje a plenos pulmões, e contra a mulher que dirige o país,
os piores insultos que o seu refinado vocabulário puder reunir. Mas saiba que,
sim, você está ajudando a tornar mais evidente o subdesenvolvimento intelectual
e as posturas fundamentalistas que avançam sobre qualquer possibilidade de
sermos uma nação civilizada;
Sim,
vá às ruas e deprede o patrimônio público, queime a bandeira nacional, bata nos
que pensam diferente de você. Mas, sim, saiba que você é mais um que optou
pelo caminho fácil da intolerância em vez de colaborar com o avanço de uma
sociedade que debate com argumentos, não com ódio ou devaneio;
Sim,
vá às ruas e grite as palavras de ordem do momento. Mas, sim, saiba que você
está entrando definitivamente para a lista de pessoas que não têm opinião
própria e que apenas reproduzem acriticamente o que os modismos ou a fofocaria
das mídias sociais veiculam;
Sim,
vá as ruas e diga que não aguenta mais a roubalheira que tomou conta deste país
como nunca antes em nossa história. Mas saiba que, sim, ou você tem uma péssima
memória ou foi complacente quando o país era sangrado (muito mais do que é hoje)
e simplesmente não fez nada;
Sim,
vá às ruas e proteste contra pobres e nordestinos, que não sabem votar e se
acomodam nas políticas assistencialistas do governo (jargão que você adora
repetir sem sequer saber do que se trata). Mas, sim, saiba que você apenas não
se conforma com uma mobilidade social que hoje faz seu empregado ser tratado
como gente, e não como escravo;
Sim,
vá às ruas e cobre o sonhado fim da corrupção de políticos, juízes, médicos,
servidores públicos. Mas, sim, lembre-se de que as pequenas ‘espertezas’ das
quais você se vale todos os dias são igualmente (repito: IGUALMENTE) corruptas,
e que sua artimanha de apontar a falcatrua dos outros só serve para esconder as
suas próprias.
E
por fim, sim, deturpe o que eu estou dizendo, porque esse é o jogo do qual você
participa, e diga que sou acomodado, que compartilho com o que está acontecendo
e que estou apoiando a corrupção, quando verdadeiramente quero é o contrário:
que a corrupção seja varrida do Brasil, mas em todos os cantos em que é
praticada e por todos que a praticam, seja no Congresso, no Planalto, nas ruas,
nas casas. Tenha coragem. Reflita. Sim, você pode ser maior que isso.
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