quinta-feira, outubro 12, 2006

Coisas políticas

Não assisti ao debate da Band entre os presidenciáveis. Minha mudança de apartamento tomou-me todo o tempo e, sinceramente, se tempo eu tivesse tido, certamente me negaria a tê-lo assistido. Estou, no mínimo, enojado com o ambiente político nacional. Não de hoje, é claro. Mas, a cada dia, a aversão cresce. Bem, mas a safadeza toda pelo menos não me causou amnésia, algo que parece ter acometido 40 milhões de brasileiros que votaram no picolé de chuchu, o Alckmin, no primeiro turno. Não vou votar de novo, pois ainda não transferi meu título pra Brasília. Mas, se fosse votar, confesso: votaria no Lula. Não com o mesmo entusiasmo, é verdade, com que votei nele nas vezes anteriores. Mas, principalmente, para evitar a volta dos tucanos ao poder.

Acho engraçado, pra não dizer repugnante, essa onda de “surpresa” que tomou conta do Brasil com os casos de corrupção no atual governo. Claro que esses casos são vergonhosos, revoltantes e devem ser punidos com severidade “hamurabiana”. Eclodindo no seio de um partido que cresceu arrotando ética, são mais revoltantes ainda. Mas, peraí. Quer dizer que corrupção é novidade no Brasil? Quer dizer que surgiu tudo agora? Quer dizer que os governos anteriores foram exemplos de dignidade e conduta irrepreensível?

Será que ninguém se lembra dos milhares de escândalos do governo FHC? Será que ninguém se lembra que o então procurador geral da república, Geral Brindeiro, mandava enterrar todas as investigações sobre os casos de corrupção do governo tucano — o que, inclusive, lhe rendeu o apelido de “engavetador geral da republica”? Nem preciso citar novamente a roubalheira com as privatizações (e o que elas representam), a compra de deputados para defender a reeleição e tantas outras maracutaias que até hoje reverberam.

Mas o picolé de chuchu e sua corja insistem no tom de novidade que as corrupções atuais representariam. Ah, vão pra puta que os pariu! Perdoem o linguajar, mas é revoltante ver esses vermes dizerem que eles têm a solução para o país sair do atoleiro. Porra, (mais palavrão, hein?), se têm a chave do sucesso, por que não a usaram durante os oito anos que passaram no poder? É um cinismo absurdo.

Fico mais revoltado ainda quando vejo as pessoas dizerem que o Alckimin seria um bom presidente porque é “sério”. Não o conheço ao ponto de questionar ou defender sua seriedade. Mas será que ninguém percebe que não podemos mais perpetuar essa pobre filosofia de eleger alguém baseado apenas em sua seriedade? Porra, (de novo!), seriedade é o mínimo que se pode esperar de um candidato, minha gente. Vamos deixar de pobreza de espírito. Só seriedade não basta. Tem de ser competente. Tem de ter capacidade de assumir e cumprir compromissos. Tem de defender uma ideologia que, de fato, atenda às necessidades da população. E, outra coisa: que diabos de critérios de seriedade o povo está usando? Por que acham que o Alckimin é sério? Em minha opinião, essa percepção nada mais é do que a mentalidade chinfrim, e arcaica, que endeusa a figura do “doutor engomadinho”.

Como já disse, não assisti ao debate, mas dele muito ouvi falar. Hoje, por exemplo, li um e-mail que desce o sarrafo na postura de Lula no programa, listando uma série de baboseiras que ele disse. De fato, são baboseiras. Porém, são fruto muito mais de sua falta de instrução do que de capacidade ou habilidade política. A maior merda do debate, ao que me parece, foi dita pelo Alckimin. Tentou ser engraçadinho ao dizer que venderia o “Aero-Lula” para construir cinco hospitais, dizendo que, com isso, ajudaria a melhorar a saúde do país. Que burrice. Que asneira. Que opinião idiota. E olha que ele é médico, hein? Deve ser um médico de bosta. Essa percepção de que a saúde pública se resolve com a construção de hospital é tão medíocre quanto achar que segurança pública se garante abarrotando as ruas de policiais armados até os dentes. Na verdade, ele sabe (ou deveria saber) que o que menos precisamos para assegurar uma saúde pública de vergonha é de novos hospitais. Claro que, como integrantes de um sistema eficiente e digno, os hospitais devem existir em número suficiente, bem aparelhados e com profissionais capacitados. Mas, um sistema de saúde efetivo se constrói garantindo condições de vida que evitem o adoecimento da população. Isso é básico. O resto é palhaçada.

VOTO NULO

Outra coisa (hoje tô meio revoltado). Vamos acabar com essa baboseira de dizer que votar nulo é errado, que é coisa de doido, que é coisa do cão. Claro que não faço apologia à anulação de votos. Até teci críticas a alguns amigos que, desde o início, disseram que votariam nulo. Mas, não sejamos maniqueístas. O voto nulo é, sim, expressão de uma vontade. É protesto e é recado. É a manifestação de alguém que, dentro de um sistema democrático, não enxerga entre os candidatos, algum que seja apto a representá-lo. Detesto essas propagandazinhas idiotas e coloridas do TSE, ou os recadinhos dados a toda hora, de que votar nulo é desperdício, é desvalorização de um direito. Coloco-me na pele dos que querem notar nulo por não acreditarem nos nomes que estão aí postos. Respeito suas posturas. Mas peço: se não votarem mesmo no Lula, pelo menos não elejam o picolé de chuchu. Retroceder, nunca!

2 comentários:

Anônimo disse...

Bravo! Bravo!
Lalá

Anônimo disse...

Vc não vai escrever nunca mais????
Lalá