quarta-feira, junho 22, 2005

Apaguem as luzes

Tentei. Juro que tentei. Fiz das tripas coração. Desenterrei uma esperança sepultada desde que vim ao mundo, nos idos de 74. Por mais que as evidências insistissem em me provar o contrário, resolvi dar um crédito ao Brasil e acreditar que este país poderia, sim, mudar o seu próprio rumo. Mas reconheço: a esperança voltou pra tumba.
Não é só essa crise toda, deflagrada (em parte) por um Ali-Babá pseudo-regenerado, que me decepciona. Mas a nossa falta de memória e de senso crítico. Falta de memória porque ficamos assombrados com as denúncias e achamos que é a primeira vez que isso acontece, que é exclusividade da administração atual, e que o governo do PT tem procuração do Capeta para implantar aqui o seu “plano de governo”.
E falta de senso crítico porque não conseguimos — ou não queremos — enxergar o jogo e as ações pérfidas que se constroem para desestabilizar e execrar a primeira tentativa de se fazer um governo cujo foco exclusivo não seja os interesses das elites.
Mas também dou a mão à palmatória. Se alguém acha que há santos no governo (em qualquer governo), que tire o jegue da chuva. É fato que há um despreparo generalizado do governo para lidar com crises, mas, mais despreparo ainda, para lidar com a lama que atinge toda a política nacional.
O mais triste é que, no Brasil, o que está ruim tem a inesgotável capacidade de piorar.

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