segunda-feira, janeiro 03, 2005

A volta... e que volta!!!

O réveillon nas areias de Copacabana, que presenciei pela primeira vez, se não encantou pela beleza pelo menos ajudou a derrubar um ditado. Agora, percebo, nem sempre onde há fumaça há fogo, ou melhor, fogos de artifício... Quem não entendeu a piadinha, procure saber como foi a queima de fogos de Copa, ok?
Bem, mas não vou reclamar, afinal, o meu réveillon foi muito legal. Adorei poder ter ido ao Rio só para curtir a cidade e descansar. Nada de trabalho. Mas a volta pra Brasília... ah, essa deu o que falar.
Previsto para sair do Galeão às 19h30, o nosso vôo (da Vasp) nos obrigou a deixar Copacabana às 18h. Quer dizer, quase às 18h, porque acabamos nos atrasando na arrumação das malas e de nós mesmos. A prima da Vivi, a Célia, e o marido dela, o Maurício, se dispuseram a nos levar ao aeroporto. Beleza.
O primeiro problema foi acomodar, naquela correria, todas as malas no carro deles - um Pólo, diga-se de passagem. Não que o carro seja pequeno. Pelo contrário. Mas é que eles converteram a viatura a gás natural, cujo cilindro ocupa praticamente todo o porta-malas. Foi um sufoco, mas deu certo. Eu e a Vivi tivemos de dividir o banco de trás com duas malas (uma grande e uma média) e com o Nick, o poodle da minha sogra que veio conosco pra Brasília. Ok, espremidos e deprimidos (pois o recesso acabara) fomos embora. Já na Lagoa, começamos a nos preocupar, pois o trânsito estava bastante congestionado. Ok, conseguimos passar do "gargalo" e logo chegamos ao túnel Rebouças.
Depois, minha gente, é que começou o sofrimento. Ao chegarmos à Linha Vermelha, aquela mesma que sempre é destaque nos noticiários policiais, vimos a coisa ficar preta!
O trânsito estava parado. Não, não era lento. Era parado mesmo. As pessoas até desciam dos carros. Pressentimos, claro, que poderia ser alguma daquelas confusões na favela da Maré que vez por outra obrigam a fechar a referida via expressa. Estávamos certos. Começamos a ver algumas pessoas lá da frente voltando a pé em nossa direção. Uma moça apavorada passou ao lado do nosso carro mais pálida do que bunda de bebê sueco. Percebemos que a coisa era ainda mais grave quando vimos um helicóptero da polícia sobrevoando a área. Mais assustados ainda ficamos quando vimos que havia policiais à porta do helicóptero com armas nas mãos apontando pra favela.
Minutos depois, umas quatro ou cinco viaturas da PM rasgavam o trânsito parado seguindo em direção à Maré. Outros policiais iam a pé, de armas em punho e semblante de quem vai enfrentar uma guerra.
Inocentemente, e talvez querendo amenizar a situação, perguntamos a um deles se havia acontecido algum "acidente" mais adiante. "Acidente de tiros", respondeu ele, dizendo que a coisa lá na frente estava "feia".
E agora? O que fazer? Pra onde ir? Nada! Ir pra lugar algum, eram as nossas tristes constatações. Não há o que fazer num momento desses. Os carros não têm como seguir em marcha ré, tamanho é o engarrafamento. O jeito é (tentar) se protejer dentro do próprio carro e torcer para que não rolem as famosas "balas perdidas".
Mais uma vez, o helicóptero da polícia passou sobre nós. Dessa vez, um dos policiais fazia sinais. Parecia estar dizendo para todo mundo voltar. Danou-se, "como?", pensei. Felizmente, era o contrário. Avisava que podíamos seguir em frente pois o tumulto terminara. Quando passamos pelo local da tensão, vimos várias viaturas da polícia parados de frente a alguns barracos. Os policiais, do lado de fora dos carros, apontavam suas metralhadoras para a favela. Em cima de algumas lajes, víamos uns homens, certamente encarregados de transmitir informações da movimentação dos PM's aos bandidos que se escondiam na favela.
Nesse meio tempo, vimos que perderíamos o nosso vôo, que partiria em cerca de 20 ou 30 minutos. A Vivi ligou pra mãe dela, sem revelar o que acontecia, e pedindo que ela ligasse para a Vasp para ver se nos encaixavam em outro vôo. Mas ela não conseguiu. Tudo bem. Seguimos correndo pro Galeão. Tiramos as malas do carro às pressas e, correndo pelo saguão, procurávamos pelo guichê da companhia. Mais uma supresa: a fila estava enorme!!!
Enquanto eu ficava na fila, a Vivi passeava com o Nick, que já se mostrava nervoso pelo fato de que iria ficar "enjaulado" para viajar. O Nick, permitam-me o comentário, é uma figura. É o cachorro mais zen e inteligente que conheço. Peludo e gordinho, ele logo chamou a atenção de todos os que estavam na fila, principalmente das crianças.
Vamos voltar ao vôo. Soubemos que ele se atrasaria, para a nossa sorte, pois estávamos no final da fila quando faltavam apenas 10 minutos para ele decolar, segundo o horário oficial dele.
Na nossa vez de sermos atendidos, demoramos mais do que pensávamos. A burocracia para embarcar o au-au era enorme e nos consumiu, além de tempo, mais dinheiro. Mas, como a atendente nos assegurou que o vôo estava atrasado, relaxamos.
Depois de tudo pronto, nos despedidos da Célia e do Maurício e corremos pro avião, no qual fomos, é claro, os últimos a entrar. Uma moça estava sentada na poltrona da Vivi, mas não reclamou e liberou o lugar sem pestanejar. Ufa! Nos sentamos, apertamos os cintos, respiramos aliviados e esperávamos, apenas, o avião decolar.
Mas, e quem disse que isso acontecia? Passou um tempão: dez, quinze, vinte, trinta, quarenta minutos e nada!
Ninguém mais agüentava aquela demora. Pela janela, víamos os mecânicos mexendo na turbina esquerda. Um vai-e-vem que não acabava. Ainda bem que não temos medo de voar.
A nossa preocupação era com o Nick, coitado, que estava lá no porão da aeronave, apertadinho em sua caixinha de viagem.
Decidi me levantar e fui lá na frente pra saber o que estava acontecendo e ver se podiam nos informar sobre o cãozinho. O comissário me tranqüilizou — ou pelo menos tentou. "Ele está mais confortável do que nós, senhor", brincou o cara. Ainda perguntei a razão da demora. "Foi um probleminha no motor, mas que já foi solucionado", respondeu ele, assegurando que decolaríamos. Ok, voltei pro meu acento e, no caminho, fui solicitado por outros passageiros a dizer o que estava ocorrendo.
De repente, o comandante pede a atenção de todos para alguns avisos. Em resumo, disse o que ocorreu e que tudo estava pronto. Avisou algo sobre o "animal vivo" que se encontrava no porão. "Ai, meu Deus, é o Nick", dissemos eu e a Vivi. Como não havíamos entendido bem o que o cara havia dito, perguntamos à aeromoça, que reafirmou estar tudo tranqüilo com o coitadinho e que o bagageiro direito havia sido aberto para melhorar as condições de respiração dele.
Finalmente o avião começou a se mover no solo. Mas, pro nosso desespero, demorou ainda mais pra decolar. Agora, faltava autorização da torre de comando. E o Nick lá embaixo... Resultado: o vôo, que deveria ter saído às 19h30, só decolou às 21h03!!!
Chegamos a Brasília mortos de cansados. Ficamos aflitos na esteira, pois todas as malas passavam, menos, adivinha? o Nick. A vivi já estava nervosa e enfiou a cabeça naquela cortina por onde as malas vêm. Deu um suspiro de alívio quando viu que ele estava lá, só esperando acabarem todas as malas para ser colocado na esteira.
O safadinho ficou feliz da vida quando o pegamos e o tiramos imediatamente da caixinha. Afinal, foi um dia inesquecível pra nós e, claro, pra ele também.
Feliz 2005!

9 comentários:

Anônimo disse...

Wagner,
após ler todo seu comentário sobre a "tranqüila" volta de vcs a BSB notei que vc dedicou muito tempo ao Nick... Será que está rolando um "ciuminho"?...rs...
Um super 2005 pra vcs... três...
Beijinhos,
Jane

Anônimo disse...

Bela descrição, moço! Aliás, belíssima! Parecia que eu estava vendo um filminho... Imaginei todas as cenas fielmente!
Quando eu crescer queo escrever iguala vc!
hehehe.
Bjo,
Lu.

Anônimo disse...

Wagner, quando publicará a história dos mosquitos? Acessei hj pensando encontrá-la...Estou ansiosa para ler "Boca fechada não entra mosca". Beijos, Vivi.

Anônimo disse...

Wagner
Enfim, tenho o prazer de ler algumas de suas crônicas.
Essa, em especial, sobre a volta de vocês a Brasília, causou-me muitas emoções...
Muito legal! Parabéns!
Beijos,
Ronara

ps. Que Deus abençoe o relacionamento entre você e a Vi. Ah... e o Nick também! hihiihih

Anônimo disse...

Wagner
Enfim, tenho o prazer de ler algumas de suas crônicas.
Essa, em especial, sobre a volta de vocês a Brasília, causou-me muitas emoções...
Muito legal! Parabéns!
Beijos,
Ronara

ps. Que Deus abençoe o relacionamento entre você e a Vi. Ah... e o Nick também! hihiihih

Anônimo disse...

Wagner
Enfim, tenho o prazer de ler algumas de suas crônicas.
Essa, em especial, sobre a volta de vocês a Brasília, causou-me muitas emoções...
Muito legal! Parabéns!
Beijos,
Ronara

ps. Que Deus abençoe o relacionamento entre você e a Vi. Ah... e o Nick também! hihiihih

Anônimo disse...

Wagner
Enfim, tenho o prazer de ler algumas de suas crônicas.
Essa, em especial, sobre a volta de vocês a Brasília, causou-me muitas emoções...
Muito legal! Parabéns!
Beijos,
Ronara

ps. Que Deus abençoe o relacionamento entre você e a Vi. Ah... e o Nick também! hihiihih

Anônimo disse...

Ronara, obrigada! Espero que a gente sempre se encontre por aqui. Beijos, Vivi.

Wagner Vasconcelos disse...

Olá, Ronara.
O prazer é meu em ter mais uma ilustre personalidade do BigMEC socializando este humilde espaço. Sinta-se à vontade para entrar nesta casa sempre que tiver vontade. Um beijão pra vc também e obrigado pelos votos, que retribuo com satisfação