segunda-feira, dezembro 13, 2004

Viagem a Aracaju, cocô de neném, bebedeira a bordo...

Nove meses depois de ter saído de Natal, tive a primeira oportunidade de fugir da "ponte-aérea" Brasília-Rio e dar uma passada, ainda que de forma relâmpago, por terras nordestinas. Na sexta-feira, precisei ir, a trabalho, a Aracaju (para quem não sabe, é a capital de Sergipe, viu?). Por mais que não tenha tido a menor brecha para passear, muito menos para fazer turismo, deu para matar, de certa forma, algumas saudades que tenho em relação ao Nordeste. Lá do alto, já percebemos diferenças gritantes. Nem melhores nem piores. Apenas diferenças. Aquele marzão de águas mornas e convidativas que vemos a partir da Bahia é o primeiro sinal de novos ares. O povo é diferente, o cheiro das cidades é diferente. Até o calor do Nordeste é diferente.
Mas também diferente foi parte da viagem. A começar pelo horário do vôo, que me obrigou a saltar da cama aqui em Brasília às 5h30. Como não consigo dormir antes da 1h da madrugada, e levando-se em consideração que estamos no horário de verão, vocês podem perceber o tormento que foi acordar tão cedo, né? Como o Nordeste é muito concorrido nesta época do ano, as rotas dos vôos são um desafio (ou afronta) a qualquer bom-senso de direção. Precisei, vejam só, fazer conexão no Rio de Janeiro, para depois seguir para Aracaju. Esse estica-e-puxa fez o tempo total de viagem chegar a cinco horas – ainda que o horário de verão tenha me dado o crédito de 60 minutos.
Apesar do incômodo por ser tão cedo, o vôo Brasília-Rio foi tranqüilo. O problema foi a segunda etapa da viagem. Sentei exatamente atrás e ao lado de um grupo de universitários que estava indo para um desses encontros de estudantes que, no fundo no fundo, só servem pra três coisas: namorar, tomar cachaça e fumar maconha! Eles decidiram adiantar algumas dessas etapas já dentro do avião. Não, calma! Ninguém trepou ou fumou maconha a bordo — bom, pelo menos eu não vi. Mas cachaça eles tomaram. E muita! Acho que se empolgaram com o azulão do mar, lá embaixo, e não pararam de pedir cervejas e mais cervejas para um coitado de um comissário convertido em garçom de “boteco alado”.
No começo, até que foi engraçado, pois a conversa deles, que já não era lá grandes coisas, descambou de vez pro besteirol ininterrupto. E claro que o volume das vozes, todas querendo ser ouvidas ao mesmo tempo, chegou a limites anti-sociais. Mesmo assim eu não pude deixar de rir quando eles deixaram um coroa de pileque. É verdade. O “tiozinho” estava sentado na poltrona do corredor, rodeado pelos estudantes. Como eles ainda tinham resquícios de educação, passaram a compartilhar as loiras-geladas com o referido cidadão. Não sei se por causa da idade, ou devido à pressurização da cabine, o cara ficou alegre já nas primeiras “beiçadas” que deu. Aí, danou-se. Voltou à juventude e começou a falar alto, a narrar sacanagens (não de cunho sexual, ressalte-se), a contar piadas e a rir por tudo, principalmente das coisas que não tinham a menor graça. Caiu na gargalhada, por exemplo, quando o comandante avisou que a temperatura em Aracaju era de 30º... A moçada que embriagou o coroa também não entendeu nada. Mas também não perdeu tempo e começou a tirar sarro do “tiozinho”.
Esqueci de dizer que o meu vôo parecia uma excursão ao programa da Xuxa ou ao parque da Turma da Mônica, tão grande era a quantidade de crianças a bordo. Por mim, isso não é problema, já que sou apaixonado por crianças e aquelas eram especialmente fofas e rechonchudas, o que me dava vontade de lhes apertar as bochechas. O problema é que o chacoalhar do avião ao passar por uma turbulência deve ter acionado o sistema digestivo de algum dos pimpolhos. Pois é, constrangida, a mãe atravessou o avião com o bebê no colo para trocar a fralda “premiada” com aquele, digamos, “creme de chocolate”... Não demorou para que a aeronave ficasse impregnada com o cheiro do “produto”. O baby caprichou na produção! No mais, apesar do sofrimento, tudo foi calmo. Só estranhei que, quando cheguei ao hotel e preenchia a minha ficha de hospedagem, a moça da recepção olhou pra minha cara (que devia estar desfigurada) e perguntou, com sotaque carregado: “você veio pro show do Timbalada, foi?”. É mole?

2 comentários:

Anônimo disse...

Depois de passar por tudo isso, ficar com cara de público do show do Timbalada é demais, não?
Eu não deixaria barato...
Ana

Wagner Vasconcelos disse...

Vc está certa, Lalá. Quando voltar lá, vou mostrar àquela maluca com quantos atabaques se faz um grupo afoxé!!!