terça-feira, agosto 03, 2010

O Bem Feito

Assisti, no fim de semana passado, ao filme O Bem Amado. Antes de fazê-lo, confesso ter relutado bastante. Por medo. Medo do filme não, é claro, mas medo de me decepcionar com a produção. Sempre temo ver filmes sobre os livros que já li – geralmente por eles não corresponderem às expectativas e às sensações provocadas pelas obras literárias. 

No caso de O Bem Amado, lembro o quão me diverti ao ler Sucupira, Ame-a ou Deixe-a. E lembro melhor ainda (embora eu fosse criança na época da reprise da novela!) da interpretação magistral de Paulo Gracindo na pele de Odorico Paraguaçu.

Na verdade, passava por aí o meu temor. Nunca achei que alguém fosse ser capaz de atingir, ou sequer chegar perto, do desempenho do referido ator na pele do mais descarado (e atual) modelo de prefeito que o Brasil já conheceu. No entanto, nada como um grande ator para pôr por terra os nossos receios.

A estratégia acertada e inteligente de Marco Nanini foi exatamente a de fugir da imitação barata e, certamente, frustrada do trabalho de Paulo Gracindo. Na verdade, ele (para usar um jargão da crítica cinematográfica) deu uma “nova roupagem” ao personagem. Preservou-lhe a canalhice e a verborragia de terceira, mas conferiu-lhe uma autenticidade inquestionável – missão que apenas a poucos caberia.

Conseguiu, com isso, duas façanhas numa tacada só: deu sua cara ao personagem e ajudou a preservar no panteão das melhores interpretações da dramaturgia brasileira o destaque conquistado por Paulo Gracindo.

Um comentário:

Ana Laura disse...

Wagner, eu também assisti e AMEI!
Tive o mesmíssimo receio e me surpreendi com todas as atuações. Excelente!