quinta-feira, fevereiro 11, 2010

O monstro nosso de cada dia

Prefiro não comentar exatamente a prisão do governador-ladrão José Roberto Arruda (até porque, no Brasil, político bandido passa, no máximo, uma breve temporada na cadeia). Comentarei, isso sim, algumas declarações a respeito dela. Para não citar todas, vou me ater àquela que mais me causou enjôo, dada pelo senador José Agripino Maia (desgraçadamente, representante do meu estado no Congresso Nacional - não por minha vontade, claro).

Ao lamentar a prisão de Arruda, o "nobre" parlamentar disse que o elemento fazia um "ótimo governo no Distrito Federal". Pois é aí que se localiza minha revolta. A mentalidade política brasileira, que insiste em não evoluir, faz questão de dissociar o indissociável, ou seja, gestão administrativa e conduta ética. Só mesmo num país de sucesso inatingível pode-se considerar bom um governo envolvido em corrupção ou outras pragas que o valham. É acreditar na "honestidade relativa".

O Meio Honesto é um monstro, uma aberração criada, se não no Brasil, certamente muito bem nutrida por aqui. Ser honesto pela metade é ser desonesto por completo. Maluf prosperou com o discurso do "rouba mas faz". Fez escola e é ferrenhamente seguido por discípulos ávidos por manterem-se no poder roubando não apenas dinheiro público, mas qualquer ilusão nossa de vivermos num país de fato evoluído.

Mas que não nos surpreendamos apenas. Muito menos nos revoltemos exclusivamente com a corja política. Antes, nos lembremos: quem os coloca no poder? E as nossas pequenas e diárias corrupções? E o suborno ao guarda de trânsito? E a carteirinha de estudante falsificada? E os comprovantes forjados para burlar o Imposto de Renda? Infrações menores? Talvez. Responsabilidade menor? Absolutamente não. Pense nisso e se pergunte: você é honesto ou meio honesto?

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