quarta-feira, julho 13, 2005

Sou pai!!!

Minha gente, descobri as delícias da paternidade. Ok, talvez o título deste post o induza a pensar que a Vivi acabou de dar a luz. Mas não é bem isso. É quase isso. Bem, deixe-me explicar.
Há tempos, a Vivi vem insistindo em termos um cachorrinho. Minhas respostas aos apelos dela sempre foram negativas, afinal, o trabalho que um animalzinho nos daria, além de atrapalhar as nossas viagens, não compensaria a alegria de ter uma bolinha de pêlo ambulante dentro de casa. Xixi, cocô, latidos, doenças, vacinas, banhos etc definitivamente não estavam nos meus planos.

Mas eis que, no domingo passado, a Vivi me convenceu a "apenas olhar" a feira de filhotes que estava sendo realizada aqui em Brasília. Ok, como estávamos passeando com a minha mãe pela cidade, vi que não custava nada dar uma passadinha lá. De toda forma, alertei-a de que sairíamos de lá como entramos: sem cachorro. Chegando lá, no entanto, ela se encantou com um filhote de Shih Tzu, uma raça oriental famosa pela bela e extensa penugem e pelo comportamento dócil. Pegou-o no colo e em seguida o passou pra mim. Danou-se. Foi paixão à primeira vista. O safadinho olhou pra minha cara, acomodou-se em meus braços e, quietinho, adormeceu. É ou não é pra se derreter?

Percebendo o meu derretimento, a Vivi usou a estratégia de renovar os apelos para termos um bichinho — aquele, especialmente. Apesar das tentações, fiz prevalecer a racionalidade masculina e listei uma série de argumentos para não ficarmos com o cachorrinho. Resignada, mas muito triste, ela aceitou as minhas justificativas. Mas não paramos de falar no bichinho.
Na segunda-feira, o assunto ainda rendia. Pesquisei na internet sobre a raça e vi que é muito legal. Liguei para a mulher que o estava vendendo e busquei mais informações, pesquisei o preço etc. À noite, antes de dormirmos, a Vivi voltou a falar dele, preocupada sobre como ele estaria, naquele exato momento, relegado a um canil. Bastou isso e sonhei com o bicho a noite inteira.
Ontem, terça-feira, não teve jeito. Enquanto eu trabalhava, a imagem dele, tanto dormindo no meu colo, quanto sozinho num canil, quase não me deixava trabalhar. "Quer saber?", pensei comigo mesmo, "vou comprar o bicho". Liguei novamente para a dona dele. Ainda não havia sido vendido. "Reserve-o pra mim, pois o quero". Saí do trabalho, peguei o carro e me mandei pro Lago Norte. Assim que o vi, senti uma alegria imensa, o que confirmou que ele era mesmo o meu filho. Além dele, comprei uma caminha, na qual ele veio deitado enquanto eu ia buscar a Vivi no BigMEC para fazer-lhe uma supresa.

(Ah, Batizei-o de Lupi. Assim mesmo, sem ípsilons ou letras dobradas. O nome me veio à cabeça assim que notei o seu jeitinho manhoso, boêmio na verdade. Nada melhor, portanto, que homenagear o nosso grande boêmio, Lupicínio Rodrigues. Lupi Viana de Vasconcelos será sua alcunha de agora em diante).

Já no carro, o coitadinho reclamava sem parar de toda aquela situação. Comecei a conversar com ele, pedindo-lhe só mais um pouquinho de paciência. Não deu jeito. Tive de parar o carro, pegá-lo no colo, fazer carinho e, depois, acomodá-lo no banco traseiro, numa distância que me permitisse acariciá-lo quando ele se queixasse. Foi assim o trajeto inteiro. Eu estava tão compenetrado em cuidar do bicho que nem notei quando, parado num sinal, todos os passageiros de uma van meio que riam do maluco ao lado que conversava com o cachorrinho.

Bem, mas eu só pensava na surpresa da Vivi. Dito e feito. Ela ficou exultante. Quase não acreditou. Disse que eu era maluco (grande novidade) e que já havia se conformado com a perda. Ligou para a Lalá, do celular, para contar a novidade. Um pouco antes, eu havia ligado pra Jane. Seguimos pra casa com aquela bolinha de pêlo, que apenas nos olhava, sem saber quem éramos, o que queríamos dele e para onde o levávamos. Já o pararicávamos no caminho. Paramos numa pet shop. Compramos ração e marcamos uma consulta com a veterinária. Entramos em casa e dona Sulei, minha mãe, também ficou surpresa quando chegamos com o "netinho" dela.

Aí, surgiram as primeiras preocupações. O bicho não andava. Quer dizer, dava uns passinhos mas logo se deitava no chão. Ele já tem dois meses, por isso, achamos que poderia estar doente. Lêdo engano. O coitadinho estava era estranhando, claro. Em pouco tempo, passou a me perseguir onde quer que eu fosse. Apegou-se a mim como eu jamais imaginei. Puxava-me pelo pé, mordia a minha calça e pulava o tempo inteiro. Em poucos minutos, aprendeu a entrar e a sair da caminha sem se arrastar, como fazia há poucos instantes. Agora, o danado faz tudo isso pulando!

Bem, enquanto estávamos jantando, ele fez o favor de estrear o apartamento, fazendo três minhoquinhas de cocô bem ao lado da mesa. Depois, fez xixi em vários cantos do apartamento. Levou suas primeiras broncas — especialmente da Vivi, encarregada de limpar a primeira "oferenda" dele. Estamos tentando fazê-lo "aliviar-se" no jornal, mas está sendo difícil. A maior diversão dele, por enquanto, está sendo morder nossos chinelos.

Na hora de dormir, arrumamos a caminha dele ao lado da nossa. A Vivi se recolheu primeiro, acomodou-o e fechou a porta do quarto. Trabalho em vão. O danadinho começou a chorar, pois queria brincar comigo. Tive de me apressar e ir pro quarto, mesmo sem sono, para sossegar a ferinha. Antes de pegar no sono definitivamente, ele passeou pelo quarto, no escuro, fazendo um reconhecimento da área. Ficamos em silêncio para não atiçar a vontade dele de brincar àquela hora da noite. Enfim, ele foi pra caminha. Arranhou um pouco o almofadinha, mas logo se ajeitou. Acordei diversas vezes de madrugada para ver se ele estava bem. Tinha medo de pisar nele, por isso, segurei o máximo que pude a vontade de ir ao banheiro. Assim que coloquei o pé no chão, ele me olhou, levantou a cabecinha e abanou o rabinho, certamente pensando que chegara a hora da farra. Deixei claro que não e ele, surpreendentemente, obedeceu, ficando na caminha até o meu regresso.

Lá pelas 7h40, acordei e olhei pro lado. Lá estava ele, sentadinho, e olhando pra gente. Fiz de conta que não o vi e virei pro outro lado. Mas o bicho é esperto. Parece saber que eu estava fingindo e me chamou. Não pelo nome, claro, mas com um latidinho bem baixo, bem discreto. Levantei-me e deparei-me com mais uma "escultura de cocô" feita por ele. Isso sem falar da pocinha de xixi, esta, pelo menos, feita sobre o jornal. Dei mais uma bronquinha para ele ir se adaptando a usar o banheirinho dele, ou seja, o Correio Braziliense. Lá fui eu limpar tudo aquilo. Haja toalha de papel e álcool. Saí do quarto, enquanto a Vivi dormia, para brincar com ele. O danadinho era só alegria.

Antes de virmos pro trabalho, o levamos à veterinária. Pulmão limpinho, peso normal (1,6kg), temperatura ótima. Mas, conforme suspeitou a dona da pet shop ontem, ele está com os ouvidinhos inflamados. Nada de grave, graças a Deus. Mas descobrimos que ele vinha sendo maltratado pela dona do canil. A veterinária assustou-se quando eu disse que a mulher me havia dito que ele deveria comer apenas uma vez por dia. "Pelo amor de Deus!", espantou-se ela: "ele tem de comer três vezes ao dia!!". Ligamos pra vendedora e nos estressamos. A safada foi grossa com a Vivi e com a própria veterinária, e não reconheceu que o cachorro estava com os ouvidos inflamados. Nós mesmos vimos e constatamos que a orelhinha dele está cheia de pêlos e muito vermelha, e o coitado as está coçando sem parar. Quer saber? essa mulher que vá pastar. Decidi que, mesmo que ele tenha alguma doença mais séria (o que, pelos primeiros exames, parece inexistir) ficarei com ele. Não gosto nem de pensar na hipótese de vê-lo voltar para o canil dela, onde certamente ficaria sofrendo e enjaulado.

Pois é isso, minha gente. Estou babando e louco de vontade de reencontrar meu filho. Em breve, tentarei colocar fotos dele aqui. Mas isso não impede que vocês apareçam para visitá-lo, ok?

Um comentário:

Anônimo disse...

Gente, o danadinho está dando trabalho, mas a alegria que ele trouxe à nossa casa compensa. Se todos tivessem um cachorro em casa, com certeza o mundo seria um lugar bem mais agradável, humano, terno. Recomendo: comprem um cachorro. Vivi, a mãe do Lupi.