quinta-feira, dezembro 16, 2004

Mesmices e satisfações

É fato consumado — percebi após muito relutar: gosto mais dos preparativos para o Natal do que da ocasião propriamente dita. Adoro o clima de confraternização no ambiente de trabalho, os expedientes encerrados mais cedo, as trocas de presentes em amigos secretos em restaurantes superlotados e barulhentos, os votos de saúde e felicidade, as compras de passagens, a arrumação das malas, os enfeites nas casas, nos escritórios, nas ruas.
Adoro até mesmo aquela mesmice da nossa imprensa, sempre com as mesmas matérias (sobre campanhas para o Natal dos pobres, sobre a expectativa de aumento das vendas no comércio, sobre os shoppings abarrotados). Tudo bem, eu confesso: adoro até aquela musiquinha enjoada da Globo "hoje a festa é sua ...", entoada nos meses de dezembro desde que me entendo por gente.
Ontem, teve amigo secreto do pessoal do trabalho, no restaurante de um hotel daqui de Brasília. Foi um jantar divertidíssimo. Uma das nossas colegas, para não fugir à regra do bom humor dos cearenses, se encarregou de quase nos matar de rir com suas histórias e piadas. Pena que a Vivi, afastada novamente de mim por mais uma "viagem-conspiração" do BigMEC, não pôde ir. Na verdade, não fizemos amigo-secreto, mas sim, "amigo-invejoso". Aquela brincadeira na qual, seguindo uma ordem definida por sorteio, as pessoas vão escolhendo os presentes dispostos sobre a mesa e podem tomar o que as pessoas antes dela escolheram. Foi um barato. Como fui o penúltimo do sorteio, tive a liberdade de escolher entre os muitos presentes que os meus colegas haviam pego. Acabei com a alegria do pobre do Antônio, pois tirei das mãos dele um belo álbum de fotografias. Bem, você pode até achar que esse é um presente sem graça. Mas eu e a Vivi adoramos tirar fotos e preparar nossos álbuns. Agora, já temos mais um a ser preenchido.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu tenho um sentimento misto de alegria, saudade e tristeza. Tudo ao mesmo tempo agora. Também adoro dar e receber lembrancinhas, abraçar e beijar as pessoas desejando tudo de bom (com sinceridade mesmo), um ano melhor, etc etc.
Mas, me emociono com os sem-família, os velhinhos em asilos, as famílias nas ruas... Pode parecer lugar-comum dizer isso, mas essa data, há muito deixou de ser uma celebração à vida. É comercial e impiedosa. E nós estamos dentro desse círculo vicioso da felicidade dos presentes e confraternizações. Se confraternizássemos com os estranhos e excluídos, os indesejados, talvez descobríssemos a verdadeira alegria dessa data, e talvez, a musiquinha da Globo (que eu também me emociono) não me deixasse tão triste e tão culpada. Será que quando eu tiver filhos essa data mudará de conotação? Será que voltarei a reverenciar o Bom Velhinho, só pra ver os olhos dos meus filhos brilharem?
Um desabafo: adoro esse clima, as decorações dos shoppings, a minha árvore de Natal, as músicas... e choro copiosamente a cada chegada de Papai Noel que assisto, vendo a ingenuidade das crianças presentes.
Às vezes, me sinto tão deslocada...
Ana