quinta-feira, outubro 21, 2004

A entrevista

Caramba! Quase esqueço de comentar. Leram a entrevista das páginas amarelas da Veja desta semana? Se não, não deixem de fazê-lo. Mas, pelo amor de Deus, não vá pensando que trata-se de uma grande e enriquecedora entrevista. É exatamente o contrário. Lê-la, portanto, é uma obrigação para manter em estado de alerta o nosso senso crítico — e para dar umas boas risadas também!!!
A entrevista é com a empresária paulistana Yara Baumgart, que se considera intelectual, renega a pecha de dondoca e distribui pensamentos tão forjados quanto os fios lisos de seu cabelo. Patético. Quase morri de rir ao ler a entrevista. Não é a primeira vez que a Veja apronta uma dessas. Entrevistas com Vera Loyola e a tal da Narcisa Tamborindegue (acho que é assim que se escreve) também já causaram ao leitor momentos de diversão. Não sei qual o propósito da revista em destinar um espaço tão nobre a uma desmiolada como essa. Mas, faça como eu. Desista de tentar entender os motivos da revista e deleite-se com o festival de baboseiras. Vamos a algumas delas?
Lá vai:

"(...) Dar cambalhotas é mais ou menos a representação da vida. Nascemos com a possibilidade de fazer uma infinidade de coisas, mas, com o tempo, criamos arestas. O aikidô (atividade a que a entrevistada se dedica no momento) nos ajuda a aparar essas arestas e ficar mais redondo. Veja bem: redondo no contexto energético. Fisicamente é o contrário. O aikidô emagrece e afina a cintura." (QUE PROFUNDO!)


"(..)Só dei atenção à minha intuição depois de uma experiência aterrorizante em Paris. Senti um frio na barriga na hora em que peguei na esteira de bagagem uma maleta Louis Vuitton, que tinha umas bobeirinhas dentro, como o meu passaporte — o brasileiro, porque o italiano estava na bolsa —, um relógio Cartier, uma maquininha digital e uns creminhos. Não dei bola pra sensação. Você acredita que roubaram a maleta?" (BEM FEITO!)

"Acabo de me formar em filosofia. Foram quatro anos iluminados de estudos e descobertas. Convivi com os grandes pensadores. Aprendi muito com os meus queridos Aristóteles, Sócrates e Kant." (NÃO DUVIDO QUE ELA TENHA CONVIVIDO COM OS 'QUERIDOS'... IDADE PRA ISSO NÃO LHE DEVE FALTAR!)

"Dei uma grande festa de formatura. Todos foram de estudante. A Hebe Camargo foi de saia pregueada e meias três-quartos. Espalhei pôsteres de 3 metros de altura com o rosto e os dizeres dos filósofos. A idéia era passar um pouco do meu conhecimento para os convidados..." (Ô!!!)

" (...)Fiz reflexos nos cabelos e relaxamento nos fios. É que, cá entre nós, meu cabelo é pixaim. Fiz uma plástica no nariz, outra no pescoço e coloquei silicone nos seios. Tenho aparelho fixo nos dentes, que empurra os lábios para fora, fazendo com que eles pareçam carnudos." (É PRATICAMENTE A MULHER BIÔNICA!)

" (...)Uso lentes de contato verdes ou azuis. Ponho as azuis quando estou relaxada ou em missões de paz. Comprei as verdes para ficar com a cor dos olhos dos meus netos quando estamos juntos. Agora, quando eu vou assinar contratos ou dar entrevistas, fico com os olhos castanhos mesmo, que transmitem firmeza." (SIM, SIM)

" (...) Detesto me olhar no espelho de manhã). (HUUUUMMM, IMAGINE SÓ O QUE DEVE SER!)

"(...) O canto do passarinho é a representação pura da energia que existe no cosmo. Daí o meu cuidado com o ambiente. Só uso spray de cabelo que não prejudica a camada de ozônio. Ando tendo muitas preocupações com o mundo, principalmente com a água. Se não economizarmos, vai faltar no próximo século". (CARAMBA!!! SERÁ QUE ELA DESCOBRIU ISSO SOZINHA??? QUE ESPANTO!)

"(...) Estou digitalizando os meus vestidos. Fiz uma foto minha usando cada um deles. Junto com a foto, tem uma ficha com informações importantes. Coisas como onde e quando ele foi comprado, em que ocasiões foi usado e quando foi lavado pela última vez. O problema é que as empregadas não sabem mexer no computador. Quando quero uma roupa, tenho de procurá-la eu mesma". (NOSSA, MAS QUE TAREFA ÁRDUA, HEIN? COITADA!)

(...) Minha grande loucura foi gastar meu primeiro salário num par de sapatos e num mantô Dior. Os sapatos eram de verniz preto, clássicos. Isso é bem europeu. Eu me sinto muito européia." (GRAÇAS A DEUS!)

(...) "Tenho orgulho do Brasil. Fico feliz quando as pessoas se maravilham com a nossa cirurgia plástica. Não admito que falem mal do Brasil. Uma vez tive uma discussão horrorosa com um alemão que criticou o Jorge Amado. Como falo bem alemão, mostrei as minhas garras." (CREDO! NÃO DUVIDO!)

(...) "Sou uma bandeirante desbravante" (DEVE SER MESMO, SEJA LÁ O QUE ISSO QUEIRA DIZER)

(...) "Ah, por favor, não me deixe parecer fútil nesta entrevista, sim?" (IMAGINA!)

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