Assumamos, homens que somos, a
insuperável inveja que havemos de para sempre sentir em relação às aventureiras
que enveredam pelo caminho da maternidade. Por mais que nos empenhemos em
nossos papeis de pais exemplares, seremos, eternamente, coadjuvantes na
intrigante missão de ter filhos.
Mais do que os óbvios laços
físicos que unem as mães às proles, há algo de intangível, imaterial,
imensurável que torna essa conexão tão única, especial e, para nós, inalcançável.
Não há olhar que se compare ao de uma mãe, seja ele o do afeto, do conforto, do
consolo, da compreensão, ou também o da repreensão, do desassossego ou da
decepção. A mãe diz e transmite tudo no olhar, com um grau de precisão que só
ela é capar de atingir.
A maternidade cria um mundo
paralelo ao da vida comum da mulher. Estabelece um patamar de generosidade,
tolerância e bondade muito superior àquele que rotineiramente nos marca. É como
se as mães habitassem um universo cujo livre acesso só a elas é permitido. E transitam
por ali acima das suas próprias falhas, compreendendo-se mutuamente apesar de
todas as diferenças que manifestam no mundo real.
E que não se pense que ser mãe é
ser perfeita. O mérito da missão maternal extrapola os acertos na criação de seus
descendentes. Reside, inclusive (e sobretudo), na imperfeição que a condição de
humano confere também à mulher. A mãe erra e deve errar. Com isso, faz o filho
reafirmar para si mesmo que, apesar de humana, ela mantém inabalável o seu
status de ser supremo, ainda que falho.
Sem mãe, não haveria sorriso.
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