terça-feira, novembro 02, 2010

Intolerância e ignorância

A intolerância e a ignorância andam, obrigatoriamente, de mãos dadas. Identifique um intolerante em seu meio social e tenha a certeza de que encontrou, ao mesmo tempo, um ser ignorante.

Reside na sua profunda ignorância (para não dizer burrice) o elevado grau de intolerância de um ser que se pretende humano. Por desconhecer com pelo menos razoável consistência aquilo a que se opõe é que o intolerante tem opiniões tão absurdamente contundentes (e retrógradas) sobre um tema qualquer.

Dentre as muitas formas de intolerância conhecidas, há duas igualmente repugnantes e inaceitáveis (assim como as demais): o racismo e a xenofobia. E são ambas, antecipo, a manifestação máxima de um grau surpreendente de ignorância por parte de alguém.

A primeira porque faz alguém acreditar que a diferença na coloração da pele (que na verdade é uma das maiores riquezas a favor da humanidade) torna uns melhores que outros. A segunda, sobre a qual me estenderei um pouco mais devido aos fatos dos últimos dias, é tão abjeta quanto a primeira, mas, talvez, comporte um teor de burrice ainda maior. Afinal, considera que pessoas de lugares diferentes são piores ou melhores que outras.

O Twitter foi vergonhosamente bombardeado por manifestações de ignorância, intolerância, desinformação e autoritarismo desde o resultado das eleições para presidente. Os que não conseguem manter um nível civilizado de discussão política (certamente porque lhes faltam argumentos) apelam para a baixeza e para a leviandade.

Não se conformam com a derrota de seu (ou seus candidatos) e querem atribuir “culpa” pela vitória do oponente a alguns representantes da sociedade brasileira. Pois bem, todos já devem ter tomado ciência das absurdas declarações contra os nordestinos que uma estudantezinha de Direito (assim mesmo, no diminutivo, para fazer correspondência ao seu provável caráter) deflagrou via Twitter e outras redes sociais.

O gesto dela confirma o que eu disse no início deste post: que a intolerância anda de mãos dadas com a ignorância. A mentecapta declarou que a vitória da Dilma foi “culpa” dos nordestinos – e teceu, ainda, outros comentários tão estúpidos que os pouparei de ler. Sobre o termo “culpa”, há considerações engraçadas, mas falarei apenas de uma: como “culpar” alguém por ter optado por algo melhor (ou menos pior, vai) que outro? 

Não me aprofundarei na defesa da vitória da Dilma. Mas digo àqueles que criticam com tanta acidez e preconceito o governo Lula e o futuro governo Dilma que sejam racionais e apeguem-se aos fatos. Vejam que o Brasil, que ainda amarga problemas profundos e inadmissíveis, avançou a olhos vistos, sobretudo, no aspecto social – ao contrário do que ocorreu nos governos anteriores. O mais importante – contrariando as expectativas iniciais dos pessimistas – é que estabeleceu um grau de desenvolvimento econômico inédito no país. Os exemplos e os fatos estão aí. Conheçam um pouco da realidade brasileira e constatem.

Voltando ao comentário da idiota, a infeliz nem percebeu a estupidez matemática de sua afirmação, ou seja, Dilma venceria mesmo sem o Nordeste!! Para ir mais longe, venceria com os votos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste!!! Aprofundando mais os dados do TSE, chega-se a análises interessantes, mas as deixo para vocês.

A babaca certamente não conhece o Nordeste. Ou, se o conhece, deve ser por cartão-postal ou por ter ido lá apenas para passear durante as férias. Certamente não conhece os nordestinos, a não ser as caricaturas que se fazem deles. Mas não é a esse Nordeste e nem a esses nordestinos a que me refiro. Mas sim ao Nordeste e aos nordestinos responsáveis por grande parte do que há de melhor neste país – em todos (enfatizo EM TODOS) os campos. Um mínimo de estudo e qualquer um, até a burrinha em questão, consegue perceber isso.  

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