quarta-feira, setembro 29, 2010

Os Anti-Tiriricas do Cerrado


Ingenuamente, acreditei que o maior absurdo com o qual eu me depararia no período eleitoral deste ano seria o cinismo de Joaquim Roriz em tentar novamente comandar a capital do País. Mas, aí, veio o palhaço Tiririca. Alardeando um bordão tão ruim quanto sua capacidade de fazer humor de alto nível, Tiririca ainda nos causa o dissabor de ter imensas chances não apenas de se eleger (o que já parece ser fato), mas de se transformar em um fenômeno das urnas. Ao mesmo tempo em que busca ocupar uma das 513 vagas da Câmara dos Deputados, ele ainda vangloria-se de não saber qual o real significado do posto que almeja.

Já nas bandas de cá, o circo dos horrores da política do Distrito Federal revela a cada dia que seu repertório de bizarrices é realmente inesgotável. Pressionado pela Lei da Ficha Limpa e diante da indecisão dos super-heróis do STF sobre o caso, Roriz deu mais uma mostra de sua infinita dissimulação e retirou sua candidatura. O plano: tentar escapar de um possível vexame ao ver na berlinda suas possibilidades de concorrer ao governo e, ao mesmo tempo, manter-se no poder por meio de sua marionete-esposa, Weslian Roriz.

Esse é o plano “apresentável”. Mas o verdadeiro é bem outro. O candidato quer mostrar, com sua atitude, que despreza e debocha da sociedade e de suas instituições democráticas. Com seu gesto, Roriz ofende e agride a todos como quem diz, sorrindo ao virar de costas: “estão vendo, seus babacas? eu faço e aconteço, não sou pego, coloco uma panaca em meu lugar, saio limpinho da história (talvez até como vítima) e ainda os governarei o quanto quiser”.  

A dose que completa e confirma a estratégia do Odorico Paraguaçu do Cerrado foi exibida nesta semana, durante o debate dos candidatos ao governo do DF, com o inacreditável desempenho de seu fantoche eleitoral.
Weslian, a Bizonha, simboliza um retrocesso abrupto e violento (talvez mais violento que abrupto) a qualquer tentativa de se fazer uma política verdadeiramente moralizadora cá em nossas terras. Faz prevalecer o jogo tacanho e asqueroso que mostra-se indissociável de nossas práticas políticas.

A burrice, o despreparo, a inconsistência e a mediocridade da candidata de cabresto é tão ou mais ofensiva a um eleitor respeitável quanto à possibilidade que havia (ou há) de Roriz voltar ao poder.  Novamente, ele nos diz: “vejam a porcaria com a qual lhes brindo, idiotas que me apóiam. E, para aqueles que me odeiam, percebam que, se não for eu, será ela. O que vocês preferem, hein? Pior do que tá, fica! Ah ah ah”.

A participação de Weslian no debate causou-me uma inquietude tão grande que tuitei (sim, sem w) como nunca havia tuitado em toda a minha vida. Era impossível não compartilhar a angústia com alguém. E vi que não estava só em meu desassossego. Uma multidão perplexa e revoltada disparava comentários das mais diversas ordens. Mas confesso que nem a vazão que dei à minha indignação e nem a cerveja que consumi para poder digerir aquela esdrúxula refeição foram capazes de aliviar-me a alma. Precisei desabafar aqui, mais uma vez.

E cheguei à conclusão de que seria uma injustiça, ou mesmo uma covardia, classificar Roriz e sua ventríloqua como os “Tiriricas do Planalto”. Em que pese toda a evidente incapacidade legislativa do palhaço-candidato, é preciso lembrar que ele é um palhaço que é candidato. Nada, em tese, que o desabone do ponto de vista moral. Já Roriz & Bizonha, não. Não têm o que lhes dignifique e são, por isso, a antítese do bobo alegre que faz da sua condição de animador de platéia o argumento para ser um representante da sociedade. São, por isso, os Anti-Tiriricas do Planalto.

Um comentário:

Silvia Badim disse...

Gostei muito do texto Wagner. Um belo desabafo. Concordo com você. O Tiririca tem a sua dignidade. Já os bizonhos.....beijos, Silvia