quinta-feira, março 12, 2009

Eu becapeara...

Tenho tentado, juro que é verdade, conciliar-me com o universo da informática. De fato, nunca fui inimigo dele. Mas também não posso dizer que somos amigos do peito. Minhas desventuras diante de um computador já me renderam diversos aborrecimentos, que, anos mais tarde, se transformaram em crônicas aqui mesmo, neste blog (vasculhe que você as encontrará, lá pelos idos de 2004).

Mas, como eu ia dizendo, tenho tentando uma reaproximação. Na verdade, uma aproximação, porque, quando acho que atualizei-me com o que há de mais moderno, mais me dou conta da obsolescência de meus conhecimentos. Ao descobrir um comando novo no Word, por exemplo, constato que a coisa só é nova para mim, porque metade da humanidade já usa tal recurso e a outra metade já nem lembra mais dele. Tudo bem, um dia chegarei lá. Estou decido a fazer as pazes.

Quer dizer, nem tanto. Pra ser sincero, o linguajar desse mundo ainda me assusta. Eu sei, quem acompanha meu blog sabe que já falei o quanto essa língua estranha me incomoda. Não exatamente pelos termos técnicos que emprega. Afinal, cada área do saber tem seus códigos – bem como suas esquisitices. Mas confesso que os do mundo da computação ainda me causam arrepios.

A transmutação de palavras do inglês para o rol de verbos em português é horripilante. Já não bastassem o “deletar”, “clicar”, “inicializar”, “logoutear” (Deus me defenda!!!) etc etc etc, hoje me veio um colega de trabalho (da área de Informática, claro) com mais uma aberração. Ao tentar salvar-me de mais um apuro em que me meti diante da besta-fera que diariamente posta-se diante de mim, ele apontou-me uma solução:

- Wagner, eu vou ter de backupear (pronuncia-se becapear) todos os seus arquivos”.
Contorci-me na cadeira. “Meu Santo Expedito dos Tormentos Informacionais, esse cidadão vai o que? Será que ele falou o que pensei?”, questionei-me eu, de mim para comigo mesmo, incrédulo.

O pior é que meus ouvidos não me enganaram. Com a maior naturalidade do mundo, ele repetiu a sentença, a meu pedido.

Percebi que, se o mundo não vai mais acabar em 2012 e se a Era de Aquário realmente não começou, é porque nada mais resta para acontecer. O fim dos tempos chegou!
Na mesma hora, não resisti e, para a gargalhada de todos da minha sala, pedi que o jovem informático conjugasse o referido verbo no pretérito-mais-que-perfeito.

Vamos lá, aceite o desafio você também...
Eu becapeara
Tu becapearas
Ele becapeara
Nós becapeáramos
Vós becapeáreis
Eles becapearam

Faça isso com todos os tempos verbais e tente não enlouquecer (se bem que, se você tentar, é porque já não está lá tão bem da cabeça...)

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