terça-feira, janeiro 03, 2006

Voltando

E aí, como foram de festanças de fim de ano? Renovaram as promessas para o ano novo?
Bem, a nossa viagem foi muito boa. Alguns micos, é claro.
A partida de Brasília se deu na quente tarde do dia 23, quando o aeroporto, de tão cheio, mais lembrava uma rodoviária. E o Lupi, em sua primeira viagem de avião, virou a atração do lugar. Todo mundo queria vê-lo, acariciá-lo etc.
Quando estávamos na quilométrica fila do check-in, demos a dose de calmante recomendado pela veterinária. Enquanto eu o segurava, a vivi misturava as dez gotinhas do remédio a uma seringa com 1 ml de água. Ele reclamou um pouquinho, mas tomou tudo — sob os olhares atentos e curiosos dos demais passageiros à nossa volta. Na hora de despacharmos a bagagem, ficamos com o coração partido de colocá-lo no transporte e vê-lo sendo levado por um estranho para um compartimento dito especial. Mas a viagem seguiu tranqüila e desembarcamos num Rio de Janeiro fervendo de tanto calor. A minha sogra ficou impressionada com o tamanho do Lupi, que ela havia visto quando ele só tinha dois meses e pouco de vida.

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Três patetas na Lagoa

Pessoal, um dos micos mais memoráveis que vivemos em nossa viagem se deu no paradisíaco cenário da Lagoa Rodrigo de Freitas. À noite, decidimos, eu, a Vivi e a mãe dela, dar um passeio por lá para apreciarmos a gigantesca árvore de Natal tradicionalmente montada em meio às poluídas águas da lagoa. Quando começávamos a nossa caminhada, a Vivi teve a brilhante idéia de alugarmos aqueles quadriciclos que comportam três adultos. A idéia era chegarmos mais rápida, calma e romanticamente à área onde a árvore estava localizada. Empolgado, aceitei de pronto a proposta e logo procuramos um dos caras que prestam tal serviço. Arrumamos e seguimos em frente.
O veículo funciona assim: as pessoas que vão nas pontas são as que pedalam. Mas só uma delas é que fica com o volante. A do meio vai só curtindo o passeio. Para frear, é preciso travar os pedais, ou seja, requer um mínimo de força nos cambitos.
Então, seguimos. Eu numa ponta, minha sogra no meio e a Vivi na outra ponta, ao volante da coisa — para nosso posterior desespero. Sim, desespero. Ela não conseguia se entender com o volante e, por pouco, não atropelou uns inocentes transeuntes. Certa vez, numa curva mal sucedida, praticamente me jogou dentro de uma lata de lixo da Comlurb, a companhia de limpeza lá do Rio.
Quanto mais avançávamos, mais gente a pé encontrávamos pelo caminho, indo, obviamente, para o mesmo local para o qual nós pretendíamos ir. Um cara num transporte igual ao nosso, vindo em sentido oposto, nos alertou que, mais adiante, estava tudo interditado.
Prepotentes, não demos muita atenção e seguimos em frente. Paramos num certo local. Fui avaliar o terreno à frente para ver se a pista, mais estreita, comportava nossa "bike". Vi que dava. Aí, a Vivi passou o comando pra mim. Devia saber que a quantidade de pessoas mais à frente era muito grande e não pretendia arcar com as responsabilidades de possíveis acidentes.
Minha gente, o problema começou logo depois de subirmos uma pequena ladeirinha.
Nada menos que uma multidão se espremia pelo calçadão. Vocês podem imaginar, portanto, os xingamentos que nos foram proferidos, pois obrigávamos todos a se espremerem para a passagem dos três patetas! Mortos de vergonha, parávamos várias vezes porque sabíamos que não havia, sequer, um local para onde as pessoas podiam ir para nos dar passagem. Aguardávamos um pouco mais e seguíamos. "Educados" como só eles, os cariocas só não nos chamavam de Papai Noel, porque do resto... Teve até um engraçadinho que, à nossa passagem, gritou: "Põe a sogra pra empurrar!". Mas não é que era quase isso que a coitadinha estava fazendo? Pois a Vivi, nessa hora, estava no meio. Rimos muito com aquilo. Até porque, em situações como essa, rir é o melhor remédio.
Mas a volta, meus amigos, é que foi tragicômica. Continuei no comando, pedalando e guiando, com a Vivi na outra ponta. Lembra da ladeirinha que havíamos subido na ida? Pois bem, evidentemente, ela virou descida na volta. Conhecendo bem meu eleitorado, já fui logo avisando a Vivi que parasse de pedalar para que não atropelássemos as pessoas que iam, a pé, à frente de nós, pois corríamos o risco de não conseguir frear ladeira abaixo. Bem, mas quem conhece a Vivi sabe que ela é mais teimosa do que mula adolescente. Fez pouco de mim, dizendo que eu estava sendo prudente em excesso. Mas o tempo mostrou quem estava com a razão. Começamos a descer e a nos aproximar das pessoas à nossa frente. Entrei em estado de semi-pânico, pois, conhecendo os cariocas como conheço, já podia antever o barraco que se seguiria ao iminente atropelamento. Como estávamos numa velocidade considerável, mudei de estágio e fiquei totalmente em pânico. Pus à prova, então, as forças das minhas pernas e disse a Vivi para fazer o mesmo. Você fez? Nem ela. Por mais que ela negue (e está negando até hoje), não conseguiu fazer nada e vi em seus olhos os mesmos traços de desespero que haviam nos meus. Suas pernas nem obedeciam aos comandos e se perdiam tentando achar os pedais. Ou seja, sobrou pro condenado aqui a tarefa de morrer pra parar aquele troço. Consegui a tempo, com a ajuda dos nossos anjos-da-guarda (e dos anjos dos pedestres à nossa frente também). É claro que, puto da vida, recitei um rosário de xingamentos que prefiro não reproduzir. Mas tão logo o susto passou, caímos na gargalhada lembrando da situação. Minha sogra, na cômoda posição de passageira que não tem culpa de nada, quase teve um xilique de tanto rir da minha cara de medo.

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A volta à Brasília, depois do tradicional chororô de despedida entre a Vivi e a mãe dela, também foi tranqüilo. O Lupi deu um pouco mais de trabalho, tanto para tomar o remédio, quanto para entrar no transporte. É que, como a fila dessa vez era pequena, houve pouco tempo para o remédio fazer efeito. Tivemos de retirá-lo do transporte para mimá-lo até que o remédio fizesse agisse.
Já dentro do avião, morríamos de calor porque o ar condicionado não dava conta do recado. Mas o que é ruim, crianças, sempre pode piorar. Por falar em crianças, tinha uma que chorou nada menos que a viagem inteira. Chorou é otimismo. A criança se esgoelou. Instalada com a mãe duas fileiras à nossa frente, a coitadinha, segundo suspeitava a aeromoça, devia estar com dor de ouvido. Coincidência. Nós também.

Ah, mas o mais hilário é o "serviço de bordo" da Gol. Não sei se vocês já viajaram pela referida companhia. É uma miséria franciscana — e injustificada —, meu povo. Tudo bem que faz tempo que as outras companhias, como Varig e Tam, não são mais lá essas coisas. Mas pelo menos rola comida. Na Gol, temos de nos dar por satisfeitos com uma merda de uma barrinha de cereal e uma porra de um micro-pacotinho de amendoim. E o mais triste é que isso é anunciado com tanta euforia pelas comissárias que suspeito que as coitadas nunca tiveram uma refeição em suas vidas.
No vôo da volta, por exemplo, a aeromoça ao microfone, toda empolgada, anunciou: "Senhoras e senhores, daremos início ao nosso serviço de bordo". Àqueles que não conheciam a companhia o anúncio deve ter soado como música. Como eu e a Vivi já sabíamos o que estava por vir, nem nos animamos. Mas não é que a comissária, não se dando por satisfeita, continuou com o anúncio? Impostando a voz, teve o desplante de dizer que o serviço seria "composto" de "amendoins e barras de cereal". Caralho, parece até que se referia a um banquete!!! Acha que parou? Pois a medonha ainda disse: "As barras de cereal são de três sabores — coco, castanha e frutas", disse ela, como se fosse grande coisa. Vocês imaginam onde tive vontade de mandá-la acondicionar as referidas barras, não imaginam?

Um comentário:

Anônimo disse...

Pô, não vai falar nada da virada em Copacabana?? Tentei falar com vc pelo celular, mas não teve jeito - muita gente ligando ao mesmo tempo!
Abrçs, Jesuan