sexta-feira, agosto 12, 2005

A mais perfeita Lei de Murphy

Acabo de ver pela internet, com atraso (pois passei a manhã inteira em reunião), o depoimento do Lula sobre a crise que está achatando o restinho de moralidade que ainda existe neste país. É verdade que o pronunciamento dele não foi dos piores. Mas também ficou a anos-luz de ser bom. Não pelo conteúdo em si, mas pelo momento em que foi realizado. Tarde demais. Por mais que seja duro dizer isso, é inadmissível tolerar a arrogância que tomou conta de um governo que, como está sendo dito a cada segundo por aí, foi eleito para mudar, pelo menos, o rumo das coisas.

Como desgraça pouca é bobagem, o pronunciamento foi feito horas depois da divulgação de uma pesquisa do Datafolha mostrando que José Serra (meu Deus, onde vamos parar???) venceria Lula num segundo turno caso as eleições fossem hoje. Para piorar ainda mais, tem a capa de Época da semana que vem, que traz uma entrevista com o ex-deputado Valdemar da Costa Neto garantindo que Lula referendou uma mutreta que pode não ser cabeluda para partidos como PFL ou PSDB, mas o é para um PT da vida. Em resumo, o ex-deputado (lembrem-se: que renunciou há poucos dias para não ser cassado) diz que foi acertado um pagamento de R$ 10 milhões ao seu partido (PL) para apoiar o PT nas eleições de 2002. E o Lula estava presente no momento em que o acordo foi selado. Não estava no quarto do apartamento onde os detalhes foram fechados. Mas estava na sala ao lado. E fora para lá apenas para bater o martelo.

Sinceramente, já não sei mais se a agonia (dramática) desse fim de governo se dá pela magnitude da crise e dos escândalos que surgem a cada segundo, ou pela decepção e revolta por parte de quem apostou que o Brasil teria capacidade de mudar sua própria história. Na verdade, vivemos num eterno movimento pendular, que oscila entre fases ruins para a sociedade e fases péssimas. Quando o PT sair do governo, sairemos, também, da fase ruim. Preparemo-nos.

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