sexta-feira, junho 03, 2005

Segredos

Nunca tive a curiosidade verdadeiramente atiçada pelos famosos "segredos de Fátima". Sempre me pareceram — e ainda parecem, mesmo depois de revelados — mais uma daquelas artimanhas da Igreja para manter sob o seu domínio, especialmente pelo temor, as confusas e crédulas ovelhas de seu rebanho.
Segredo mesmo, segredo do bom, e que sempre me fez ter comichões de curiosidade foi esse revelado esta semana: a identidade do "Deep Throat", o Garganta Profunda. (Por favor, mentes prevaricadoras, não façam confusão com o nome do filme de sacanagem).
Talvez vocês não entendam o porquê de toda a minha curiosidade. Na verdade, nem eu sei explicá-la ao certo. O fato é que essa trama sempre me fascinou. Antes mesmo de pensar em me tornar jornalista, já era fã daquela história. Fica fácil para vocês perceberem, portanto, que, para mim, a revelação foi a notícia da semana. Deleite dos deleites. Devo ter assistido a "Todos os homens do presidente" umas 10 vezes, e lido o livro umas três. E não me canso. O "Garganta" é que era segredo de verdade.
Nada me era tão intrigante quanto a identidade, as razões e, sobretudo, a coragem daquela figura das sombras, que guiou os passos de Bob Woodward e Carl Bernstein na cobertura jornalística que redundou com a renúncia de Nixon.
Que razões teria aquela pessoa para colaborar daquela maneira? Como sabia tanto? Em quê trabalhava? Que rodas freqüentava? Que vantagens pessoais teria com as pistas?...
Eu só suspeitava — assim como todo mundo, claro — que devia tratar-se de um figurão das mais altas cúpulas do governo. Ou um anjo caído (na verdade arremessado) do topo desse mundo. Só que muitos se enquadravam nessa categoria.
Pois eis que as nossas apostas estavam certas. Aí está, ladies and gentlemen, o senhor Mark Felt, ex-bam-bam-bam nº 2 do FBI, e opositor ferrenho, ainda que (meio) silencioso, da atuação de Nixon na Casa Branca. Hoje, não passa de um simpático velhinho.

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