terça-feira, abril 19, 2005

Eu, o homem de trinta...e um anos

Bem, na verdade eu deveria ter escrito este texto há um ano, quando abandonei, ainda que relutantemente, a casa dos vinte anos. Cheguei à faixa dos trinta sem grandes traumas, algumas expectativas e várias preocupações.
Pra começo de conversa, acho uma sacanagem do Balzac não ter dedicado parte de sua sagacidade para também escrever sobre nós, bichos machos que adentram os trinta anos. Vamos lavar a alma, companheiros! Ousarei, um dia, escrever sobre o “Homem de 30 anos”. Enquanto isso não chega, sigo aqui com meus delírios sobre essa cruel faixa etária.
Sim, cruel. Considero os trinta anos um dos mais conturbados momentos da vida de um ser humano. Vivemos, pra ser bem sincero, uma total e absoluta falta de identificação, de localização, de parâmetro comportamento quando deixamos pra trás os bons e velhos 29 anos. A crueldade da casa dos trinta não está em sua proximidade com a velhice. Graças a Deus, ela ainda está um pouco distante. O que incomoda é que o ser de trinta é, digamos, um bosta n’água. Infelizmente, é verdade, querido leitor. Aos trinta anos, você é velho demais pra uma série de coisas e jovem demais para outras.
No primeiro caso, não temos mais o direito de agir com a impulsividade e a inconseqüência com a qual agíamos há uns anos. Por outro lado, não somos suficientemente confiáveis para ações que requerem maturidade total. Se isso ainda ficou muito vago, vamos a outras constatações mais simples. Uma pessoa de trinta anos, por exemplo, fica meio deslocada se passar pela primeira vez no vestibular. Chega à sala de aula rodeada por pessoas que poderiam, em alguns casos, serem seus filhos!
No entanto, apesar de já estar ralando no mercado de trabalho há mais de uma década, a criatura de trinta anos ainda não está financeiramente habilitada a ter sua casa própria, uma vida estável, relacionamentos plenamente consolidados, filhos criados e o sossego que dizem produzir a maturidade.
Se você está na casa dos trinta, vai se sentir um idoso indo passear no domingo à tarde no Píer 21 (um dos points da juventude de Brasília). Mas também se sentirá um moleque intrometido indo para os restaurantes mais sofisticados da cidade.
O que você fala para um adolescente não é muito levado a sério porque, apesar de ser bem mais velho que ele, seus cabelos brancos ainda não são suficientes para lhe conferir um ar professoral. Se quiser impressionar alguém de 50 anos, terá de caprichar na verborragia, já que os resquícios de sua fase de moleque ainda estão bem claros em seu rosto.
É, minha gente, ter trinta anos não é fácil. Mas também não é difícil (a não ser que você dedique muito tempo a refletir sobre assunto). Para nós, homens, acho que o mais difícil dessa nova idade é que começa a contagem regressiva para uma coisa que, por mais que nossas mentes esclarecidas tentem nos preparar, nos causa verdadeiro terror: o exame da próstata. E você, que passou a vida toda se vangloriando de “inabalabilidade” de sua masculinidade terá de, em eternos segundos, resistir e torcer para que o médico tenha a mão mais magra possível...
Aconselham os médicos a fazê-lo aos quarenta. Ai, meus Deus. Restam-me, portanto, nove anos de “virgindade”!

Mudando de assunto:
Os meus amigos daqui de Brasília, poucos, mas ótimos, organizaram um almoço-supresa pra mim. Foi rápido, pois estávamos todos em horário de trabalho, mas foi excelente. Obrigado às ilustres figuras que estiveram presentes: Lalá, Ricardo, Simone, Jane, Giovanni e, claro, Vivi.
Beijão! Tô indo pra aula...

3 comentários:

Anônimo disse...

Não precisa agradecer...Na verdade, gostaria de ter organizado um almoço mais elaborado, mas infelizmente o tempo foi curto. Parabéns, amor! Vivi.

Anônimo disse...

Vc traduziu muito bem o que é estar na casa dos 30. Eu adorei quando completei 30 anos: fiz uma festa de arromba, inaugurando minha casa nova ao sair da casa de meus pais. Alugada, claro. Mas uma mudança e tanto!
Me sinto segura aos quase 34 anos, mas ao mesmo tempo, não o suficiente para encarar desafios próprios dos "adultos". Exemplo? Ter um filho, mergulhar no projeto de ter um negócio próprio ou mesmo mudar completamente de área profissional. Engraçado, já esse último tópico, é próprio de quem anda na casa dos 20...
Lalá

Anônimo disse...

Ops, esqueci: o almoço realmente foi ótimo!
Parabéns mais uma vez!
Lalá